Dia da Mãe
Primeiro domingo de maio, mais um dia para celebrar, mais um dia que me aumenta as saudades de casa. Não me meto num avião para ir a casa há muito e as saudades têm vindo a assumir as mais variadas formas.
Nem costumava pensar nisto. Um dia, depois outro, sempre ocupado, sempre distraído. Ultimamente certas coisas têm-me feito parar, coisas que me transportam para a minha casa da infância, onde antes de acordar já o café perfumava a casa e dava energia à minha mãe para gritar, meia hora antes do despertador, "Leonarde, acorda que vais perder a camionete"; onde havia necessidade de suplicar aos cães que me deixassem sair de casa sem nenhuma patada; onde a janela do meu quarto que, devido às arvores do jardim, só me permitia ver o nosso Atlântico. Tantas pequenas coisas.
No dia 31 de março, no meu aniversário, foi ler a mensagem que o meu primo - um verdadeiro irmão - tinha para mim que me despertou a saudade. Apercebi-me que não só estava a fazer falta lá em casa, como eles me fazem falta. Depois da festa que foi o dia, lá o Leonardo acabou a chorar.
Há dias, foi estar na Gulbenkian, num dia de sol, enquanto regavam o jardim. A terra quente e a água criaram um perfume tão distinto que me transportou para os dias quentes em que se regava os jardins, os nossos e os da minha avó. O Leonardo não chorou, mas anotou no caderninho.
E, pronto, hoje foi o Dia da Mãe. Quando lhe liguei perguntou-me se tinha feito ou comprado algo para ela. Respondi com uma pergunta, "Como aquelas sapatilhas que querias muito e nunca usaste, como a base para copos com o elétrico que está guardada ou como o postal que foi consumido pela humidade do frigorifico?". Ela só disse "Leonarde". Rimo-nos. Ela é tão cómica, mas acho que não sabe. Tenho saudades de me rir de conversas que não fazem sentido a mais ninguém e que eu penso ser o único a entender. Da Madeira isso é que me faz mais falta.
Vou comprar qualquer coisa, muito possivelmente uma passagem de avião para a fazer usar as sapatilhas. Tenho a certeza que só isto bastará para nos rirmos muito, afinal essas sapatilhas são umas MBT e os primeiros passos desiquilibram qualquer um.
Feliz Dia da Mãe, a todas as Mães!
Se conseguirem, ignorem aquele cabelo, as fotografias fofas estão guardadas dentro de álbuns cercados por mar.